Quando a revolta já não se consegue sufocar e a crítica e o corpo se tornam dormentes e ausentes da realidade dos afectos, procuramos a primeira solução que nos ocorre.
Fechamos os olhos e estendemos os braços, gritamos bem alto que sabemos onde está o problema, mas ninguém ouve, porque aos discursos oficiais não interessa humanizar as estatísticas e as notícias.
O desamor democratizou-se. Nas grandes cidades ou nas pequenas aldeias, esta espécie de terrorismo individualizado, emerge, galopa e atira a matar.
Nos cafés, nas paragens, nas ruas, mesmo ao nosso lado, cada caso é de carne e osso e sente, cresce e morre...sózinho. Retratos de todos os dias: são crianças, jovens, adultos, velhos. Gente a sério que vive em conflito consigo e com os outros.
Pessoas que passam a vida a fugir do amor, porque não lhes ensinaram a amar.
Em oposição a isto, nos levantamos todas as manhãs e dizemos que será diferente, para que a utopia se possa aproximar.
Porque quem realmente se importa, desconfia que só são utéis as medidas que partindo da ternura, levam à criação de novas hipóteses, mediante escolhas conscientes e livres.
Contornemos então, os obstáculos que impedem os objectivos, renunciemos a uma finalidade para abraçar outra, criemos então, cada um de nós, soluções.
O importante é conhecermos. Compreendermos.
Da compreensão ao amor é um instante.
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